“Prognósticos, só depois de ouvir!”

Sou uma profunda apreciadora da sabedoria político-futebolística. O futebol e a política juntam-se quando se trata de falar fluentemente o português. A única diferença entre estes dois é que o futebol joga-se de calções. De calções e com um “paleio” típico e muito característico. E a maior semelhança está mesmo na língua…estas personalidades projectam frases com sentidos profundos e que revelam uma enorme sabedoria e domínio do vocabulário português. Mas hoje vou cingir-me ao futebol. Deixo a política de lado para uma segunda parte deste artigo.

Quando tenho a felicidade de receber no meu aparelho auditivo uma frase como “comigo ou sem-migo, o porto vai ser campeão”(João Pinto), tenho aquilo a que eu gosto de chamar espasmo literário. Os sintomas são sempre os mesmos. Uma pessoa ouve, tem uma paragem de 10-20 segundos consoante o tamanho da expressão, o cérebro congela por um segundo, dá-se uma assimilação semântica e gramatical, obtém-se o sentido, ou a falta dele, ocorre um leve arrepio na espinha seguido de contracção abdominal, as mãos agarram-se à cabeça num movimento involuntário e o sintoma final é diferente em cada pessoa…pode-se soltar um, grito, um pouco de calão…diverge! Eu tenho tendência para soltar um leve palavrão e logo de seguida insulto com parcimónia!

Tentar desmistificar frases como esta é uma espécie de desporto do cérebro, como diria a nossa ministra da educação. Mas estes espasmos são consequência de uma doença, que não tem cura, chamada “Síndrome do Calhau”. O nome foi dado, pois só com um calhau é possível encontrar um alívio, ainda que temporário da dor. E como funciona? Agarra-se no calhau e Zás! Entendem? Para terminar esta breve reflexão deixo uma lista das grandes frases de grandes senhores do desporto rei!

Deliciem-se, vão viver uma experiência alucinante! Sem nenhuma ordem em especial, pois é difícil classificar o que estão prestes a ver…é caso para dizer “Prognósticos, só depois de ouvir!”E sintam-se à vontade para partilhar mais tesourinhos destes!

"O meu clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão correcta: deu um passo à frente." (João Pinto, jogador do Futebol Clube do Porto, de Portugal)

"No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente, de quinze em quinze dias..." (Ferreira, ex-ponta-esquerda do Santos)

"Fiz que fui, não fui, e acabei fondo!" (Nunes, ex-atacante do Flamengo)

"Clássico é clássico e vice-versa..." (Jardel, ex-atacante do Grêmio e da Seleção Brasileira)

"Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe." (Jardel, ex-atacante do Grêmio)

"Não venham com problemática que eu tenho a solucionática." (Dadá Maravilha)

"Não foi nada de especial, chutei com o pé que estava mais a mão!" (João Pinto, jogador do Futebol Clube do Porto, de Portugal)

"Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu..." (Claudiomiro, ex-meia do Internacional-RS ao chegar em Belém do Pará para disputar uma partida contra o Paysandu pelo Brasileirão de 72)

"Tanto na minha vida futebolística quanto com a minha vida ser humana..." (Nunes, ex-atacante do Flamengo, em uma entrevista antes do jogo de despedida do Zico)

"Haja o que hajar, o Corinthians vai ser campeão." (Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians)

"Eu disconcordo com o que você disse." (Vladimir, ex-meia do Corínthians em uma entrevista para a Rádio Record)

"Nem que eu tivesse dois pulmões eu alcançava essa bola." (Bradock, amigo de Romário reclamando de um passe longo)

"Na Bahia é todo mundo muito simpático. É um povo muito hospitalar."(Zanata, ex-lateral do Fluminense)

"O futebol é uma faca de dois legumes."(Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians)

"A falha individual é do coletivo."(Wanderley Luxemburgo, explicando a derrota do Brasil contra o México, nafinal da Copa das Confederações 99)

"O difícil, vocês sabem, não é fácil..." (Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians)

"Fomos e voltemos. Não ganhemos nem perdemos, empatemos." (Buiú, do Bahia)